·
A torcida vascaína acompanha ansiosa o desfecho
da briga política, administrativa e judicial para obtenção das certidões negativas
de débito que permitirão ao Vasco a obtenção de verbas públicas de patrocínios
e convênios.
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A vitória nessa batalha será apenas a primeira
etapa das muitas que separam o Clube das receitas que poderão dar novo fôlego
aos esportes olímpicos. Digo muitas,
pois o êxito na captação de recursos requererá muito mais do que as essenciais
certidões.
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O Vasco precisa se estruturar adequadamente e
estabelecer um bom planejamento estratégico e um plano de execução ágil e
eficiente. Tudo isso apoiado num modelo de governança ágil e adequado.
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O esporte brasileiro vive um novo momento, com
muito mais recursos disponíveis nos três níveis de governo, nas estatais e nas
empresas privadas. Há possibilidade de convênios com o poder público e com a Confederação
Brasileira de Clubes (a mais nova fonte de recursos para o esporte e que
brevemente estará à disposição dos clubes para a iniciação de atletas de alto
rendimento). A Lei de Incentivo ao Esporte trouxe para o desporto o orçamento de
empresas que até então se dedicavam prioritariamente à cultura que já dispunha
de leis de Incentivo há mais tempo.
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O Vasco possui infraestrura instalada, tradição
e experiência de desenvolvimento do esporte além de enorme torcida em todo
território nacional. Fatores decisivos
para o sucesso de uma política esportiva.
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No meu entendimento, os poderes do Clube deveriam
estabelecer as bases para um amplo e urgente planejamento estratégico para esse
setor que sobrevoasse as diferenças políticas presentes a um ano das eleições
no Clube. Em seguida, instituir uma comissão de dirigentes e profissionais que
liderem o processo de planejamento e posterior execução de seus resultados. Utilizar
as bases desse processo como norteadores de um plano plurianual que servisse de
orientação para duas ou três gestões administrativas do Clube. Algo que seja
democraticamente construído e que assim se tornasse perene, sem ser inflexível.
Sujeito apenas a correções de rumos advindas de um processo de controle de
metas, ou alterações do ambiente esportivo dentro e fora do clube.
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É preciso compreender a realidade do esporte
brasileiro em suas particularidades de cada modalidade e se posicionar de forma
destacada e de liderança – uma vocação vascaína por essência. É preciso eleger
esportes prioritários e identificar o potencial e o risco de se investir em
outros. Para cada um deles será preciso um plano de negócios embasado num
consistente estudo de viabilidade. Creio que cada esporte deva ser uma unidade
de negócio apoiada e acompanha pelos poderes do clube. É preciso uma política
orçamentária capaz de usar os recursos disponíveis e de ser ajustada no
decorrer do tempo.
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Cada modalidade esportiva possui características
distintas com potencial e forma de captação diferentes. Há níveis diferentes de dependência de
recursos públicos diretos e indiretos (lei de incentivo) para cada uma delas. Presença
desigual entre elas no território nacional.
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Qual a tradição e os resultados históricos do
clube. Quais esportes possuem melhor ambiente de desenvolvimento? Detentor de
uma torcida nacional, com presença forte em vários estados da federação, em que
locais o Vasco poderia fincar sua bandeira apoiado numa determinada modalidade?
Isto é possível, como, com quem e
quando? Estas são análises que precisam ser feitas com inteligência e
competência
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Seria possível, por exemplo, instalar o basquete
adulto em Brasília para disputar a NBB e aproveitar assim a paixão brasiliense
pelo basquete e pelo Vasco? Há vantagens
para construção de parcerias na capital federal em relação ao Rio de Janeiro?
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E o Futsal, esporte tão popular no sul do Brasil,
não poderia encontrar em Santa Catarina parceiros interessados em ganhar
visibilidade nacional com a nossa camisa? Nossa torcida é enorme naquele
estado.
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O Vasco tem tradição no atletismo, esporte mais
democrático e, talvez, com maior potencial de crescimento no Brasil, em função
de sua amplitude, potencial de medalhas e baixo desempenho atual. Onde a camisa
vascaína poderia cruzar as novas pistas que estão sendo construídas no país com
recursos do Governo Federal?
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Quais parcerias poderiam ser feitas com colégios
e universidades para a própria prática do esporte e ações de extensão e
pesquisa?
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O Vasco tem massa de torcedores no norte e nordeste
do país. Como explorar esse potencial? O Beach Soccer fincou nossa bandeira em Manaus.
Ainda que apenas com a participação em eventos, mas já é um avanço.
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Tem havido discussões sobre a forte relação do
Vasco com grandes nomes do MMA. Não se trata de esporte olímpico, mas o UFC pode ser uma ferramenta de marketing para o
Clube. Vale o investimento?
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Com a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de
Janeiro, existe uma oportunidade de recepção de delegações estrangeiras. Circulam notícias que o Minas
Tênis Clube negocia com o Comitê Olímpico Britânico a cessão temporária de suas dependências no
período pré jogos. Fala-se do Flamengo
com os EUA. O Vasco pode vislumbrar alguma parceria com outros países? Quem cuida
disso no Clube? As provas de Remo na Rio 2016 acontecerão na Lagoa Rodrigo de
Freitas, as regatas da Vela ao lado da sede do Calabouço. Não estariam aí duas
boas oportunidades de investimentos a serem feitos por seleções estrangeiras?
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O Parque Aquático em São Januário precisa ser
reformado e modernizado. Como fazer isso em sintonia com as oportunidades que
se apresentam?
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Como aproximar os inúmeros empresários vascaínos e montar um plano de investimento com recursos incentivados?
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A experiência da campanha Dívida Zero pode
servir de experiência para se montar um grupo de vascaínos que pudessem alocar
parte do seu imposto de renda nos esportes olímpicos. Há empresas que fazem
isso com seus altos funcionários.
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O Brasil está instituindo uma Rede Nacional de Treinamento.
Qual o lugar do Vasco nessa Rede?
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Faz-se necessário montar uma equipe
multidisciplinar que conjugue aspectos técnicos de cada modalidade e um
conjunto de gestores, contadores e
advogados que subsidiem as ações de captação e utilização, principalmente, dos
recursos públicos, cuja legislação e sistemas de execução requerem cuidados
grandes. É bom frisar que um convênio mal executado poderá gerar recusa das
prestações de contas e consequente inscrição do clube no rol das entidades
inadimplentes.
· Nada disso é simples, porém plenamente realizável
para um clube com a grandeza do Vasco. As dúvidas a serem discutidas são muitas e instigantes. O processo eleitoral deve ser o espaço
para convergir esforços criativos e de mobilização em defesa do Clube. O Vasco não
pode passar mais uma década dividido, sob risco de ver comprometer seu maior
patrimônio – a grandeza de sua torcida. As ameaças são inúmeras e cada vez
maiores. Ou o Vasco reúne suas forças, ou amargará um futuro incerto.