A morte do dançarino Douglas – o DG do Esquenta, é mais uma
tragédia envolvendo jovens de comunidades cariocas. Nos últimos 20 anos,
milhares de jovens morreram nas mesmas circunstâncias desse rapaz, sendo que
dessa vez, a vítima era figura pública e participava de um dos programas mais
prestigiados da Rede Globo e que tem como característica a temática dos jovens
de periferia. O próprio Douglas era personagem deste cenário carioca.
O caso se soma ao assassinato do ajudante de pedreiro
Amarildo entre os que ocorreram em comunidades tidas como pacificadas e que
contam com a presença de Unidade de Polícia Pacificadora. Tudo isso dá ao episodio
elementos de imensa repercussão, num ano de eleições, Copa do Mundo e
instabilidade na implantação das tais UPPs. É, portanto, complexo o cenário que
se vislumbra.
Em meio à complexidade, emergem aspectos que não podem ser
negligenciados:
1 – é preciso que as investigações apresentem os culpados
pelo crime, o que já seria um avanço em relação aos milhares de assassinatos ocorridos
nas mesmas condições e que mal chegaram a ser investigados;
2 – é preciso separar o joio do trigo e não entrar na onda
de traficantes descontentes com a presença do aparato policial e que desejam se
aproveitar da morte do rapaz para recuperar as condição de atuação que detinham
nesses locais antes das UPPs;
3 – o Governo do Estado, que teve o mérito da instalação das
UPPs, precisa reconhecer que é preciso realizar ajustes no programa. Vai
ficando evidente o desgaste e a insuficiência das ações e a sua ineficácia
diante dos problemas que vão surgindo. É ruim para a população do asfalto, mas
pior ainda para quem mora nas comunidades – sempre as maiores vítimas.
O meu temor é que o ambiente eleitoral, cuja sensibilidade
está ampliada pela proximidade da Copa do Mundo, torne mais difícil a travessia
desse momento. A sociedade fluminense precisa se mobilizar e atuar de maneira
responsável. Em especial, os partidos políticos e suas lideranças que precisam
agir com espírito público. Caso contrário, o bicho vai pegar feio e não será
pouco. O Rio de Janeiro não merece isso. A população não aguenta mais.