Um momento a agradecer a Deus.

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Conduzir a tocha Olímpica foi um presente de Deus

terça-feira, 10 de abril de 2018

A poesia e a emoção de ser vascaíno. Gestos que fazem de um Clube o Gigante que ele é.




O Vasco já me causou emoções inúmeras: a paixão infantil com os dois Antônios da minha vida - meu pai e meu tio;  os títulos conquistados, as derrotas sofridas, o nascimento dos meus filhos vascaínos e depois  os primeiros jogos em que os levei e tantas outras coisas que fazem do Vasco uma expressão da tradição portuguesa misturada aos negros e trabalhadores brasileiros que construíram a mais bela história do nosso futebol.


Eis que hoje, eu recebo de um amigo de trabalho, Amândio,  um presente singelo e  repleto de significado. Mais uma emoção vascaína na minha vida.


Amândio é Coordenador de Comunicação do Museu Nacional de Belas Artes, Historiador da Arte, e professor da UERJ, enfim, uma pessoa com sensibilidade e uma vida dedicada à arte e à emoção. Ele é filho do Sr. Amândio e aí começa a história vascaína que tanto me emocionou hoje.


De tanto falar do Vasco, acabei criando a oportunidade para ouvir do Amandio as histórias do seu pai, também Amândio, falecido em 2011.


Sr. Amândio , o pai,  era um grande vascaíno. Ele representa o típico português  dos tantos com os quais os cariocas conviveram em nossa cidade. Dono de um açougue no Rio Comprido - o Tupan, e um bar na Rua Sete de Setembro; no Centro, Lanches Rossini, onde notabilizou-se pelo prazer de conversar e servir bem os professores e alunos do Largo de São Francisco. Nada mais português e carioca. Tudo a ver com o Vasco!!!


Os portugueses fazem parte da história de nossa cidade e contribuíram decisivamente para jeitão carioca de conviver. Qual carioca não tem uma história vivida num comércio de Seu Manoel, do Seu João, do Seu Joaquim e tantos outros?


Qual canto dessa cidade não abrigou uma padaria, um bar, um açougue, uma quitanda de uma família portuguesa? Muitas das vezes, com marido, mulher e filhos que construíram suas vidas no país que os acolheu....


Sr.Amândio foi um desses e nutria pelo C.R. Vasco da Gama um sentimento de amor e identidade com a história luso-brasileira que esse clube tão bem sintetiza.


Eu ouvi as histórias contados pelo Amândio e percebi a semelhança delas com a história dos meus avós. Ele falava da relação do pai dele com o Vasco e com o trabalho e aquilo fazia todo sentido para mim.


Hoje, ao chegar ao Museu, ganhei do Amândio um broche do Vasco que pertenceu ao pai dele. Fui tomado de uma grande emoção e sentimento de responsabilidade por guardar comigo um pedaço da memória e do sentimento vascaíno e luso-brasileiro de alguém que viveu essa mesma paixão que alcança mais de 10 milhões de brasileiros torcedores do Vasco.


Sr. Amandio morreu em outubro de 2011. Despediu-se do Vasco campeão da Copa da Brasil e mesmo doente, certamente alegrou-se com o Trem Bala da Colina e teve a certeza que o nosso Clube continuaria cumprindo sua missão de manter viva essa tradição democrática, de esforço e  vitoriosa .


Ao receber do filho dele o broche vascaíno, ganho mais um pedaço dessa história.


Obrigados aos dois Amandios, ao pai pelo legado. Ao filho pelo generoso e tão significativo presente que guardarei com carinho e perspectiva de contar a história que ele representa.