Vasco e Fluminense brigam pelo direito de suas torcidas
ficarem do lado direito das arquibancadas do Maracanã. Em que pese a total descaracterização
do estádio ao longo de seus 64 anos, é fato que o Estádio Mário Filho mantém
viva sua magia e significados
arquitetônico e cultural para o país. E mais: o Estádio é tombado pelo
IPHAN.
O tombamento foi feito em 26/12/2000 e tem o seu registro no livro Tombo Arqueológico, Paisagístico e Etnográfico. Desejou
o IPHAN, portanto, preservar não apenas a paisagem e a arquitetura, mas, também,
a ambiência e a maneira do público se relacionar com a edificação e o
espetáculo. Esse conceito é consagrado entre os que militam na área de
preservação.
Afirmam os tricolores que há contrato em vigor com o Consórcio
Maracanã que lhes assegura o direito de uso do lado direito. Reconheço que há
razoabilidade no argumento. No entanto, o
que tem a nos dizer o Governo do Estado, efetivo dono do Maracanã, acerca do cumprimento
da lei federal que tombou o Maracanã?
Está claro que a questão envolve tradição, costume,
rivalidade e a história do estádio. O
Vasco ganhou o lado direito à epoca da fundação do Maracanã. Por 64 anos, todos
os torcedores cariocas reconheciam esse direito e não houve jogo do Clube
cruzmaltino que não tivesse ocorrido dessa forma, até a concessão do estádio.
Neste sentido, garantir a restituição do lados das torcidas
é uma questão legal, cultural e histórica e que requer do Estado o devido zelo
em nome da proteção que se desejou fazer no momento do tombamento. Mais que o
destino, é a LEI. Fica o desafio ao Governo do Estado e ao IPHAN: que até o
dia 26, aniversário do tombamento do Maracanã, seja restituído ao Vasco o
seu direito.
*Marcio Marques é Museólogo, pós graduado em Gestão de Projetos e gestor Público de Esporte