Um momento a agradecer a Deus.

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Conduzir a tocha Olímpica foi um presente de Deus

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Sambas-enredo enfrentaram o regime militar - transcrito de O GLOBO


Rio - Como cantar a liberdade na Avenida em pleno regime militar? A tarefa não foi fácil, mas os sambistas enfrentaram o desafio. Os compositores Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e  Manuel Ferreira do Império Serrano, foram obrigados por censores \ mudar um verso do samba-enredo "Heróis da Liberdade!" no carnaval de 1969, o primeiro depois do AI-5. Em plena ditadura, a escola de Madureira cantava a Inconfidência Mineira, a Independência e a Abolição, mas a letra podei aser entendida como um protesto contra o regime. "Ao longe soldados e e tambores/Alunos e professores/Acompanhados de clarim/Cantavam assim/Já raiou a Liberdade/A Liberdade já raiou/ Essa chama/Que o ódio não apaga pelo Universo/è a revolução em sua legítima razão". Para ter o samba liberado, o último verso virou: "É a evolução em sua legítima razão".



 Antes, o Salgueiro do carnavalesco Fernando Pamplona desfilou em 1967 com “A História da Liberdade no Brasil”, enredo sobre lutas populares, escolhido para falar sutilmente do momento do país. Os ensaios eram monitorados pelo DOPS, como conta Haroldo Costa em “Salgueiro, 50 anos de glória”: “Por acaso ou não, em vários ensaios, subitamente, faltava luz, que levava horas para voltar. Muitas vezes o ensaio acabava. O pessoal do DOPS tinha mesa cativa, não porque lhe fosse oferecida, mas porque os agentes não perdiam um ensaio, talvez aguardando que, de repente, virasse um comício”.


Martinho da Vila teve sua composição cortada da disputa de samba-enredo da Unidos de Vila Isabel, em 1974, por pressão de censores, que consideraram a letra subversiva, como ele conta em suas memórias “Kizombas, Andanças e Festanças”. O enredo Aruanã Açu, sobre a tribo Carajás, tinha um tom crítico que não agradou ao governo (“Estranhamente o homem branco chegou/Para construir/Para destruir/Para desbravar/E o índio cantou/O seu canto de guerra/Não se escravizou/Mas está sumindo da face da Terra”). Além de excluir o samba de Martinho, a escola teve que mudar o desenvolvimento do enredo, que passou a exaltar a Transamazônica (“A grande estrada que passa reinante/Por entre rochas, colinas e serras /Leva o progresso ao irmão distante/Na mata virgem que adorna a terra”, diz o samba cantado no desfile).


O mesmo Martinho da Vila conseguiu em 1980 — ano seguinte ao da Lei da Anistia, mas ainda em pleno regime militar — “fazer toda a avenida cantar os versos “Um sorriso sem fúria entre o réu e o juiz/A clemência e a ternura por amor da clausura/A prisão sem tortura, inocência feliz/Ai meu Deus/Falso sonho que eu sonhava”, do samba-enredo “Sonho de um sonho”, inspirado em versos de Carlos Drummond de Andrade. Foi a vez mais direta que, naqueles tempos, uma escola de samba clamou pela liberdade, ousando o verso “a prisão sem tortura” (por ironia do destino, três anos depois, a agremiação passou a ser presidida por Capitão Guimarães, que passou dos porões de tortura do DOI-Codi à contravenção).

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Ouça os sambas mencionados. Vale a pena ouvir. Verdadeiras jóias:

http://migre.me/gjRXC


http://migre.me/gjRVJ