O BRASILEIRO, em especial o carioca, sempre teve fama de bem
humorado, simpático e gente boa. Era
assim que eu me via e percebia minha gente.
De uns tempos pra cá, tenho visto uma dureza no olhar, uma
falta do sorriso e da generosidade nas ruas. Fiquei um tempo morando em
Brasília e botei na conta do candango o
jeito meio bronco que via nas ruas de lá.
No ano passado, durante as manifestações que tomaram conta
do país, confesso que me assustei com a violência das manifestações, mas o
efeito Black Blocs me serviu de explicação para o fenômeno.
Os 50 anos do golpe de 64 geraram uma avalanche de postagens
no facebook a favor de um novo golpe. Neotrogloditas e viúvas da ditadura
defendem torturadores e recomendam o uso da força contra qualquer um que
contrarie suas opiniões (sempre muito certas e inflexíveis).
A tal da Sherazade virou musa dos que desejam justiça pelas
próprias mãos e muitos aplaudem ladrões
linchados em praça pública. Isso sem contar os repetidos casos de crianças e
idosos assassinados.
Os temas do racismo e da homofobia viraram esteio de ódio e
rancor. As religiões vivem se atacando com nunca visto antes nesse país.
A greve dos rodoviários no Rio gerou 500 ônibus quebrados. A
palavra de Ordem para a Copa é o NÃO VAI TER COPA – um slogan impregnado de
rancor e autoritarismo que não leva em
conta a vontade dos que a desejam desde 1950. Um primor de desrespeito ao
próximo!!!
Sou militante de esquerda desde os meus 21 anos de idade.
Portanto, não descarto o uso da força para transformação da sociedade. Mas o
que vejo hoje foge a esse princípio e não tem nem de longe esse objetivo.
Sinto que tem algo estranho no ar e que se misturou à legítima
revolta de nosso povo contra as injustiças a que foi submetido desde sempre. Não dá mais pra aturar problemas na saúde, educação e transporte.
Considero que temos avanços nas últimas décadas, mas a secular dívida social é enorme e difícil de saudá-la em todas as frentes. Mas insisto, tem coisa nova no ar e que precisa ser analisada e compreendida.
Daqui dessa minha humilde tribuna e com o restrito alcance
que ela tem, mando meu recado: QUERO VER
MEU PAÍS CONTINUAR MUDANDO PRA MELHOR E NÃO ABRO
MÃO DA ALEGRIA E DO ESPÍRITO AGREGADOR E SOLIDÁRIO DO BRASILEIRO. QUERO PAZ,
AMOR E UM MUNDO MAIS JUSTO.